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sábado, 9 de abril de 2011

A ESTÉTICA NA MODERNIDADE - KANT e HEGEL

Considerações iniciais:

A estética ganhou autonomia como ciência, destacando-se da metafísica, da lógica e da ética, com a publicação da obra Aesthetica do educador e filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten (dois volumes, 1750-1758).

Baumgarten apresenta novas propostas para o estudo da obra de arte:
  • Ao adicionar elementos próprios da esfera do sentimento à realidade percebida, os artistas alteram voluntariamente a Natureza.
  • A própria atividade artística será considerada o espelho do processo criativo.
I) PENSADORES E REFLEXÕES:
IMMANUEL KANT (1724-1804): “Experiência é percepção compreendida”.
- O pensamento de Immanuel Kant contribuiu para epistemologia (1), a partir da síntese que propôs entre o Racionalismo (predomínio do raciocínio dedutivo - Descartes e Leibniz), e o empirismo inglês (valorização do raciocínio indutivo - David Hume, George Berkeley e John Locke.
- Em Crítica da faculdade do juízo, se encontram as principais reflexões kantianas sobre a estética.
Filosofia da natureza e da natureza humana (concepção subjetiva):

“Não pode haver nenhuma regra de gosto objetiva, que determine por meio de conceitos o que seja belo. Pois todo juízo proveniente desta fonte é estético; isto é, o sentimento do sujeito e não o conceito de um objeto é o seu fundamento determinante. Procurar um princípio de gosto, que fornecesse o critério universal do belo através de conceitos determinados, é um esforço infrutífero, porque o que é procurado é impossível e em si mesmo contraditório” (Crítica da Faculdade do Juízo, I, 17).
A obra apresenta alguns elementos decisivos para a compreensão contemporânea do estético:
  • Abertura ao belo como familiaridade e pertença, assim como ao sublime como estranho e incontrolável, aquilo que em grande parte corresponde ao conceito freudiano de unheimlich (2).
  • A abertura à representatibilidade do sem-forma, quer através do simbólico, quer pela persistência no elemento da ausência de forma.
  • A abertura ao artefactual e ao ficcional como materiais preponderantes de uma estética que em grande parte abandona o desejo de mimesis para explorar os domínios do acontecimento sem referência objetivante.
- Concepção transcendental: todo ser humano traz formas de pensamento a priori para a experiência concreta da vida (seriam conceitos prévios, que não se a cumulam com a experiência).
Segundo a doutrina kantiana (idealismo transcendental), os fenômenos da realidade objetiva não se mostram aos homens exatamente como são - ou seja, não aparecem como coisas-em-si, mas como representações subjetivas, construías pela faculdade humana.
- Relativismo conceitual: a filosofia katiana é considerada uma das fontes determinantes do relativismo conceitual que iria predominar no século XX (Mas nada tem a ver com as teorias relativistas do da pós-modernidade).
- Sobre o Juízo estético: para uma investigação crítica sobre o belo, o pensamento deve se orientar pelo poder de julgar. Esse julgamento deve ser impulsionado por uma questão:
Há algum valor universal que conceitue o belo e que determine que outras pessoas compartilhem da minha apreciação de uma forma bela da natureza ou da arte ou todo julgamento sobre o belo é uma valoração subjetiva?
O poder de julgar pertence a todos os sujeitos, ele é universal e congraça o julgamento estético, especulativo e prático. As reflexões críticas de Kant se relacionam com as possibilidades e limitações das faculdades subjetivas que agem sob princípios formulados e que pertencem à essência do pensamento.
- A universalidade do juízo estético: se apresentarmos uma obra de arte a várias pessoas, podemos observar que as impressões causadas serão diferentes. Concluiremos que a observação atenta e valorativa daquela obra, juntamente com as diferentes opiniões que apresentadas pelas pessoas, nos permite afirmar que o gosto pode ser discutido.
Kant vai afirmar que só é possível discutir sobre gosto.
  • A universalidade do juízo estético envolve um exercício persuasivo em relação aos outros sujeitos. É assim que um juízo estético subjetivo se torna um valor universal. Como os sujeitos compartilham princípios de avaliação moral livre, que determinam a avaliação estética, eles julgam o belo como universal.
  • O juízo estético se relaciona com o prazer (ou desprazer) que a obra nos proporciona. Para Kant, o belo “é o que agrada universalmente, sem relação com qualquer conceito”. Assim, não existe uma definição exata sobre o belo, mas um sentimento que é universal e necessário.
HEGEL (1770-1831): “O mais alto objetivo da Arte é o que é comum à Religião e à Filosofia. Tal como estas, é um modo de expressão do divino, das necessidades e exigências mais elevadas do espírito”.- Para Hegel, a arte é a manifestação sensível da idéia.
“A atitude artística se distingue da atitude prática do desejo no sentido de que a arte deixa subsistir seu objeto em liberdade total, enquanto o desejo emprega seu objeto para seu próprio uso, destruindo-o”.
- Em Cursos de Estética (ou simplesmente Estética), estão as principais considerações de Hegel sobre as questões relativas à criação artística. É considerada a primeira obra que combina a reflexão filosófica com uma história da arte.
- Hegel defende o belo artístico como o único com interesse estético. O belo artístico seria um produto do espírito, por isso só pode ser encontrado nos seres humanos e nas obras produzidas por eles.
- A idéia do bem, da verdade e do belo se completam, porque só há uma Idéia . Tudo o que existe contém a Idéia. A estética ocupa-se em primeiro lugar da Idéia do belo artístico como ideal.
- O belo, que do objeto aparece no sujeito, é “em si mesmo infinito e livre”.-
-Hegel defende uma visão idealista do belo.
- Para ele, cada uma das formas artes tem um lugar próprio na história do espírito e cumpre uma etapa no processo do autoconhecimento humano, mediante seu modo de configuração relacionado a uma determinada matéria.
- Na arte o espírito tem intuição, em um objeto sensível, da sua essência absoluta. Assim, o belo é a idéia concretizada sensivelmente. Portanto, no momento estético, o infinito é visto como finito.
Clique aqui para acessar o texto Méritos e falhas da Estética hegeliana, de Kathrin H. Rosenfield.
NOTAS
(1) Teoria do conhecimento ou Filosofia do conhecimento, a epistemologia é o ramo da filosofia que aborda as questões relacionadas ao conhecimento e às crenças, a partir da compreensão da origem, da estrutura, dos métodos e da validade do conhecimento.
(2) Referência ao texto "Das Unheimliche", publicado por Freud em 1919, traduzido aqui como "O estranhamente familiar" ou "O estranho familiar": "Chama-se unheimlich tudo o que deveria permanecer secreto, escondido, e se manifesta" (clique aqui para ler sobre esse texto).

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