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quarta-feira, 8 de abril de 2015

SISTEMATIZANDO NOSSAS DISCUSSÕES

Nessa primeira parte do curso, o objetivo é situar a Estética no âmbito da Filosofia, onde ela permaneceu até o séc. XVIII, como Filosofia da Arte (acesse aqui um resumo sobre isso).

Além disso, discutimos como diferentes visões de mundo, em cada época, se ocuparam das questões referentes ao belo e à arte (inclusive da própria definição de "arte"). 


Sistematização dos principais pontos dessa primeira parte.

1) Embora a noção de estética só ganhe os contornos de uma disciplina autônoma no séc. XVIII, as reflexões sobre o fazer artístico ou sobre o belo são antigas e remontam à Antigüidade Clássica.
- Antigüidade Clássica:
  • Platão não diferencia o belo do Mundo das Idéias. Para ele, o belo não existe no mundo físico ( e por isso independe do sujeito, transcende o homem). O mundo sensível é feito de cópias do Mundo das Idéias. Sendo próprio do Mundo das Idéias, o belo é perfeição e é também equivalente a verdadeiro e bom - a beleza não é apenas um valor estético, mas uma dimensão moral.
  • O texto em que Platão se detém, de fato, em definições acerca do belo é o Hípias Maior - um diálogo entre Sócrates e o sofista Hípias (de Élis). Sócrates procura explicar a Hípias a necessidade de formular uma definição universal de beleza, distinta de idéias particulares:
  • Aristóteles define o belo a partir da harmonia, com noções como ordem, medida, grandezas e simetria. Para ele o belo não transcende o homem - a busca pela beleza ideal é humana e a concepção de beleza está associada à inteligência, à razão, pois toda concepção de beleza encerra um julgamento (juízo).
  • Para o pensamento aristotélico, a percepção da beleza requer a conjunção entre os sentidos e a inteligência. Em comum com Platão, seu mestre, Aristóteles guarda idéia de que o belo é universal, ideal, absoluto e superior à realidade.
- Em Convite à Filosofia (1994, p.411), Marilena Chauí chama a atenção para o fato de que a noção de estética, quando formulada e desenvolvida nos séculos XVIII e XIX pressupunha:
  • Que a arte é produto da sensibilidade, da imaginação e da inspiração do artista e que sua finalidade é a contemplação;
  • Que a contemplação, do lado do artista, é a busca do belo (e não do útil, nem do agradável ou prazeroso) e, do lado do público, é a avaliação ou o julgamento do valor e beleza atingido pela obra;
  • Que o belo é diferente do verdadeiro.
O verdadeiro seria aquilo que é conhecido pelo intelecto, a partir de demonstrações e provas, que permitem deduzir um particular de um universal (dedução) ou inferir um universal de vários particulares (indução) por meio de conceitos e leis. O belo teria a peculiaridade de guardar um valor universal, embora a obra de arte seja essencialmente particular.
A Estética ou filosofia da arte tem três núcleos fundamentais de investigação: a relação entre arte e natureza, a relação entre arte e humano, e finalidades-funções da arte.

Para quem se interessar, eis um link para baixar o livro de Marilena Chauí:
Convite à Filosofia (o arquivo está zipado - são 46 pequenos arquivos em word). A senha é: esteticar