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sábado, 9 de abril de 2011

CONT. A ESTÉTICA NA MODERNIDADE

O GRANDE DIVISOR

Em Memórias do Modernismo o teórico Andréas Huyssen assinala um traço marcante da modernidade – o grade divisor (great divide ou great divisor). Trata-se de um discurso 
“que insiste na distinção categórica entre alta arte e cultura de massa. […] A crença no Grande Divisor, com suas implicações estéticas, morais e políticas, predominou na academia até os anos 80 (veja-se, por exemplo, a quase total separação institucional entre os estudos literários, incluindo a nova teoria literária, e a pesquisa sobre cultura de massa, ou a insistência, muito difundida, em excluir questões éticas ou políticas do discurso da literatura e da arte). Mas ela foi sendo cada vez mais posta em xeque pelos recentes desenvolvimentos das artes, do cinema, da literatura, da ar­quitetura e da crítica” (HUYSSEN, 1997, p.11-12).
- Segundo Huyssen, a insistência por parte de pensamentos como o de Adorno, na divisão entre a alta cultura e a cultura popular, tinha grandes motivos:
“O impulso político por trás de seus trabalhos era o de salvar a dignidade e a autonomia da obra de arte das pressões totalitárias dos espetáculos de massa fascistas, do realismo socialista e de uma degradação cada vez maior da cultura de massa comercial no Ocidente”. (1997, p.11).
- Referindo-se a um pensamento desenvolvido a partir de meados do séc. XIX, Huyssen assinala que o pensamento estético modernista teve como traço marcante um discurso agressivo contra a cultura de massa, assim como um distanciamento de questões referentes à cultura cotidiana e a aspectos relativos à política: defendia-se, então, a autonomia da arte burguesa.

- É preciso chamar a atenção para o fato de que, nesse mesmo período, as chamadas vanguardas históricas apresentaram uma espécie de alternativa às distinções entre alta (arte) e baixa (cultura): a reintegração arte/vida.

- Por essa razão, Huyssen sugere que as vanguardas históricas devam ser concebidas de modo distinto do pensamento estético modernismo e da dicotomia alto/baixo.

REFERÊNCIA
HUYSSEN, Andreas. Memórias do modernismo. Trad. Patrícia Farias. Rio de Janeiro: Ed.UFRJ, 1997.

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