Pesquisar aqui

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

INTRODUÇÃO À ESTÉTICA

I) DEFINIÇÕES

Etimologia: a palavra Estética vem do grego αισθητική (aesthésis) e significa perceber, sentir.

O Dicionário Houaiss registra 4 acepções gerais para o termo "estética":
1 Rubrica: filosofia - parte da filosofia voltada para a reflexão a respeito da beleza sensível e do fenômeno artístico.
1.1 Rubrica: filosofia - segundo o criador do termo, o filósofo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762), ciência das faculdades sensitivas humanas, investigadas em sua função cognitiva particular, cuja perfeição consiste na captação da beleza e das formas artísticas.
1.2 Rubrica: filosofia - no kantismo, estudo dos juízos por meio dos quais os seres humanos afirmam que determinado objeto artístico ou natural desperta universalmente um sentimento de beleza ou sublimidade.
1.3 Rubrica: filosofia - no hegelianismo, estudo da beleza artística, que apresenta em imagens sensoriais, ou representações sensíveis, a verdade do espírito, do princípio divino, ou da idéia.
2 Harmonia das formas e/ou das cores; beleza
Ex.: a estética de uma escultura de Giacometti

3 Ramo ou atividade profissional que tem por fim corrigir problemas cutâneos, capilares etc., assim como conservar ou dar mais viço à beleza física de uma pessoa, por meio de tratamentos especiais (p.ex., limpeza de pele, emagrecimento etc.)
Ex.: clínica de estética.
4 Uso: informal
aparência física; plástica
Ex.: dispensa muitos cuidados à sua estética.
  • Podemos acrescentar ainda outra acepção ao termo – a palavra estética é ainda utilizada em referência às tendências artísticas e/ou comportamentais de uma época.
Para Marilena Chauí, o termo estética comporta 4 acepções:
  • Estudo das formas de arte, do trabalho artístico;
  • Idéia de obra de arte e de criação;
  • Relação entre matéria e forma nas artes;
  • Relação entre arte e sociedade, arte e política, arte e ética. (p.410)
Para Umberto Eco, a estética é uma disciplina “capaz de criar métodos e instrumentos de investigação próprios, mas não é uma ciência exata” (p.56).

Para Pareyson, “a estética tem, com a crítica e a história da arte, relações análogas àquelas que tem com a própria arte, no sentido de que, referindo-se à experiência estética para explicá-la filosoficamente e dela tirar estímulo e comprovação, encontra nela tanto a prática da arte quanto o exercício da leitura, da crítica e da história que dela se fazem” (p. 12-13).

  • Segundo registra a história, foi Platão (428-347 a.C.) quem formulou os primeiros questionamentos sobre a natureza do belo.
  • Mas foi Aristóteles (384-322 a.C.) quem primeiro sistematizou uma reflexão sobre a arte, em sua obra Arte Poética (ou A Poética).
II) SITUAÇÃO DISCIPLINAR:

Ramo da filosofia que estuda a natureza os fundamentos da arte, em especial a natureza do belo. Costuma-se assinalar a publicação de Aesthetica (1750), de Alexander Gottlieb Baumgarten, como marco da autonomia da Estética como disciplina. Foi Baumgarten quem ministrou o primeiro curso de estética de que se tem notícia, em 1742 na universidade de Halle. Ele usou pela primeira vez o termo estética, para designar a ciência que trata do conhecimento sensorial que chega à apreensão do belo e se expressa nas imagens da arte, em oposição à Lógica como ciência do saber cognitivo.

Como disciplina, a estética destina-se ao estudo das regras da arte (a natureza os fundamentos da arte), das leis do belo (as diferentes concepções sobre o conceito de “belo” na idéia de obra de arte e de criação) e do código de Gosto (o julgamento e as emoções estéticas ).

Para Marilena Chauí, ESTÉTICA ou FILOSOFIA DAS ARTES é o "estudo das formas de arte, do trabalho artístico; idéia de obra de arte e de criação; relação entre matéria e forma nas artes; relação entre arte e sociedade, arte e política, arte e ética". (p.410)

- A FILOSOFIA NA HISTÓRIA (CHAUÍ, p.52)


Como todas as outras criações e instituições humanas, a Filosofia está na História e tem uma história.
a) Está na História: a Filosofia manifesta e exprime os problemas e as questões que, em cada época de uma sociedade, os homens colocam para si mesmos, diante do que é novo e ainda não foi compreendido. A Filosofia procura enfrentar essa novidade, oferecendo caminhos, respostas e, sobretudo, propondo novas perguntas, num diálogo permanente com a sociedade e a cultura de seu tempo, do qual ela faz parte.
b) Tem uma história: as respostas, as soluções e as novas perguntas que os filósofos de uma época oferecem tornam-se saberes adquiridos que outros filósofos prosseguem ou, freqüentemente, tornam-se novos problemas que outros filósofos tentam resolver, seja proveitando o passado filosófico, seja criticando-o e refutando-o. Além disso, as transformações nos modos de conhecer podem ampliar os campos de investigação da Filosofia, fazendo surgir novas disciplinas filosóficas, como também podem diminuir esses campos, porque alguns de seus conhecimentos podem desligar-se dela e formar disciplinas separadas.

Assim, por exemplo, a Filosofia teve seu campo de atividade aumentado quando, no século XVIII, surge a filosofia da arte ou estética; no século XIX, a filosofia da história; no século XX, a filosofia das ciências ou epistemologia, e a filosofia da linguagem. Por outro lado, o campo da Filosofia diminuiu quando as ciências particulares que dela faziam parte foram-se desligando para constituir suas próprias esferas de investigação. É o que acontece, por exemplo, no século XVIII, quando se desligam da Filosofia a biologia, a física e a química; e, no século XX, as chamadas ciências humanas (psicologia, antropologia, história).

Pelo fato de estar na História e ter uma história, a Filosofia costuma ser apresentada em grandes períodos que acompanham, às vezes de maneira mais próxima, às vezes de maneira mais distante, os períodos em que os historiadores dividem a História da sociedade ocidental.

Referências

CAHUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. 2. reimp. São Paulo: Ática, 2000.
DICIONÁRIO HOUAISS da Língua Portuguesa. Disponível em: http://houaiss.uol.com.br.
ECO, Umberto. Obra aberta. São Paulo: Perspectiva, 1988.
JIMENEZ, Marc. O que é estética. Trad. Flávia Moretto. São Leopoldo-RS: EdUnisinos, 1999.
PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. São Paulo: Martins Fontes,1989.

Nenhum comentário: